Já nos bastava esta grave crise económica e financeira que parece um ciclo sem fim, mas para piorar junta-se agora uma crise de golos. Para a crise dos números a solução será difícil de encontrar, ao contrário da dos golos em que a solução é visível: MUDAR AS PEÇAS.
Depois de um grande Europeu com uma equipa curta de qualidade, Portugal tem agora a obrigação de consolidar o seu estatuto de seleção de top mundial, e depois dos dois últimos resultados isso tornou-se mais difícil. 5 pontos perdidos em dois jogos, sendo que um deles foi com uma sofrível equipa norte-irlandesa, vão praticamente obrigar a Seleção Lusa a novo play-off (nada que não estejamos habituados, na rifa pode é não calhar a Bósnia).
Para evitar essa fase é necessário resolver a crise dos golos. Oportunidades não têm faltado, e embora o fio de jogo não seja de todo agradável seria suficiente para ganhar todos os jogos se alguém finalizasse em condições.
O problema começa mesmo aí, no ponta-de-lança. Desde Pauleta que a Seleção não tem uma referência na área e por mais que digam que o açoriano também não era um grande jogador, o certo é que nos jogos com os “mais fracos” ele marcava e Portugal não sofria em apuramentos, e hoje em dia Postiga raramente marca. Portugal não pode jogar da mesma maneira contra a Irlanda como joga com a Espanha e por muito que Paulo Bento gosta de Postiga, ele nos jogos em que Portugal domina é um a menos. A grande qualidade de Postiga é o trabalho defensivo de equipa, mas finalizar não é com ele. Éder e Nelson também não são grandes referências ainda na Seleção mas já merecem uma oportunidade (o avançado do Corunha até teve, marcou e nunca mais jogou).
Ter nas alas Nani e Ronaldo é ter o que quase ninguém tem numa selecção, dois extremos do melhor que há no Mundo. E depois, um vazio na área a corresponder!
No meio-campo soluções não faltam, e a questão prende-se com as opções de Paulo Bento. Não há dúvida que Veloso, Moutinho e Meireles têm que ser titulares mas faltando um, Ruben Micael não pode ser a primeira opção. É um médio razoável para equipas de dimensão média, mas não tem de longe lugar como 1ª opção. Manuel Fernandes, Carlos Martins, e até mesmo Nani no meio seriam escolhas que dariam outra dinâmica ao meio-campo que vive muito do que Moutinho faz.
Outra questão é o lado esquerdo da defesa. Dúvidas sobre Fábio Coentrão não existem, contudo Miguel Lopes ser o suplente não é de longe a melhor opção. Se dúvidas existissem, analise-se o jogo com a Irlanda do Norte. Ainda para mais, com Eliseu em grande forma.
Hoje em dia, Portugal tem poucas escolhas, um lote de 30 jogadores, e quando assim é torna-se difícil para o selecionador mas mesmo com esta adenda Paulo Bento tem tido erros que podem comprometer o apuramento. Espero que este último jogo tenha sido a última “vida” de Postiga e Micael.
Olhando para a nossa equipa percebemos que não somos uma seleção ao nível das melhores, e que temos visíveis lacunas que não nos permitem crescer, e não é por termos o melhor do Mundo que seremos imbatíveis e número 1 mundial.
Agora resta-nos agarrar na calculadora e esperar um tropeção russo para conseguirmos apuramento direto para o Mundial do Brasil de 2014. Até lá sofrer, como é tradição!
P.S.- Espera-se dos jogadores retribuição para o carinho que os portugueses demonstram, e estarem 10 pessoas no Hotel à espera dos craques e estes saírem do autocarro e apenas Ronaldo levantar a mão fica muito mal. Não sei se é por vontade dos jogadores (que não acredito) ou se são ordens superiores, mas é incompreensível. O que essas pessoas mereciam eram estádios vazios, ao contrário do que tem acontecido mesmo com o país numa crise profunda.