Dragões mostram chama e apontam às meias

Jackson Martinez, Quaresma e companhia provaram ao mundo do futebol que não há imbatíveis e que aquilo que mais conta num jogo de futebol é a qualidade durante 90 minutos e a vontade de querer ganhar mais que o adversário.

O Bayern pode refugiar-se de não ter 6/7 jogadores, mas isso não é desculpa. Entrou em campo com uma equipa temível, com campeões do mundo, campeões da europa de clubes e todos eles jogadores internacionais. Uma equipa superior à do Porto, sem dúvida, contudo isso não se verificou. Porquê? Porque a alma dos jogadores dos Dragões foi maior, cumpriram à risca o que estava planeado e tiveram o “coração na ponta da bota”, como disse Casemiro no fim do jogo.

Já os bávaros estiveram, quase toda a partida, desorientados, com um número elevadíssimo de passes errados (o que não é nada normal em equipas de Guardiola) e quase não incomodaram Fabiano. O golo foi uma prenda caída do céu!

Jackson marcca o 3º golo num regresso em grande após lesão.
Fonte: Facebook FC Porto
O Porto abafou os germânicos nos primeiros 10 minutos e nesse período Quaresma bisou. O primeiro marcado de penálti, cometido por Neuer sobre Jackson, depois do colombiano ter roubado a bola a Xabi Alonso. Faltou o vermelho ao gigante alemão, que poderia ser ainda mais benéfico para o Porto. Digo “poderia” porque nisto do futebol nunca se sabe.

Logo a seguir foi Dante a atrapalhar-se com a bola, Quaresma roubou e quando Neuer fez a mancha, o Harry Potter, de trivela, fez as redes abanar. Dragão ao rubro, Guardiola desesperado e o Porto a ver um sonho tornar-se próximo da realidade.

O jogo acalmou e nem por isso o Bayern criou perigo. Apenas fazia posse de bola e mesmo isso estava complicado. As recuperações do Porto sucediam-se, mas os passes estavam a sair mal agora. Herrera falhou um que colocaria Brahimi em grande posição.

Uma exibição magistral, abrilhantada pelo génio de RQ7 e com a classe de Jackson, que regressava 5 semanas depois. O Cha Cha Cha parece não ter parado um único minuto, veio numa forma fantástica e justificou a chamada direta ao onze. Mesmo a 50%, o camisola 9 é melhor que Aboubakar.
Mas o Bayern havia de fazer jus às estatísticas que dizem que em confrontos com o Porto para a Champions, os bávaros marcam sempre. Thiago ainda reduziu, na primeira parte, e o resultado foi assim para o intervalo.

No segundo tempo esperava-se uma reação germânica, todavia não se verificou. O Porto controlou o jogo todo, voltou a abafar o adversário e aumentou o marcador. Aos 65’, Alex Sandro lança Jackson, que recebe de forma orientada e fica na cara de Neuer, contorna-o e empurra para a baliza. Soberbo o Cha Cha Cha! Pelo meio, Boateng falha o corte e o tempo de salto. Uma noite para esquecer para os dois centrais do Bayern. Já dizia a frase: “Ataques ganham jogos e defesas campeonatos”. Com estes dois será muito complicada a missão de Pep Guardiola…

Antes do golo, o Porto já por duas vezes tinha ameaçado e numa delas, Manuel Neuer correspondeu com uma defesa monumental ao desvio de Boateng para a sua própria baliza. Depois do golo, Rode rematou de longe mas mais nada fez o conjunto de Guardiola.

Quaresma inaugura o marcador enquanto Andrei Pitorac grava o momento.
Fonte: Facebook do FC Porto
A dança das substituições ajudou o Porto a deixar o tempo correr, e em nada trouxe melhoras para o Bayern. Nota para os amarelos a Danilo e Alex Sandro, que falham assim o jogo decisivo. O técnico espanhol não tem agora os seus dois laterais para o jogo da próxima semana no Allianz Arena e terá de improvisar, provavelmente com Ricardo à direita e José Angel à esquerda. O regresso de Marcano (suspenso na 1ª mão) pode fazer com que Martins Indi jogue ou numa ou noutra lateral. Uma dor de cabeça para Lopetegui resolver, mas com a almofada de dois golos a dar alguma tranquilidade.

O conjunto português superou-se ao coletivo de Guardiola e tornou-se na primeira equipa nacional a marcar 3 golos aos bávaros e é agora a par do Bayern o melhor ataque da competição com 24 golos marcados, permanecendo como a única equipa imbatível em prova.

O Porto começou esta “viagem sem bilhete”, como disse o seu timoneiro, mas está cada vez mais perto do ingresso mais apetecido. Vai ser complicado jogar no ambiente terrível de Munique e será preciso mais uma exibição a roçar a perfeição. E, claro, nunca se sabe se Dante e Boateng voltam a estender a passadeira…

P.S.- Independentemente do resultado da próxima semana, vénia a este Porto que foi gigante e superou o Golias, mostrando que no futebol, a palavra “Impossível” não existe.