Jackson Martinez, Quaresma e companhia provaram ao mundo do futebol que não há imbatíveis e que aquilo que mais conta num jogo de futebol é a qualidade durante 90 minutos e a vontade de querer ganhar mais que o adversário.
O Porto abafou os germânicos nos primeiros 10 minutos e
nesse período Quaresma bisou. O primeiro marcado de penálti, cometido por Neuer
sobre Jackson, depois do colombiano ter roubado a bola a Xabi Alonso. Faltou o
vermelho ao gigante alemão, que poderia ser ainda mais benéfico para o Porto.
Digo “poderia” porque nisto do futebol nunca se sabe.
A dança das substituições ajudou o Porto a deixar o tempo
correr, e em nada trouxe melhoras para o Bayern. Nota para os amarelos a Danilo
e Alex Sandro, que falham assim o jogo decisivo. O técnico espanhol não tem
agora os seus dois laterais para o jogo da próxima semana no Allianz Arena e
terá de improvisar, provavelmente com Ricardo à direita e José Angel à esquerda.
O regresso de Marcano (suspenso na 1ª mão) pode fazer com que Martins Indi
jogue ou numa ou noutra lateral. Uma dor de cabeça para Lopetegui resolver, mas
com a almofada de dois golos a dar alguma tranquilidade.
O Bayern pode refugiar-se de não ter 6/7 jogadores, mas isso
não é desculpa. Entrou em campo com uma equipa temível, com campeões do mundo,
campeões da europa de clubes e todos eles jogadores internacionais. Uma equipa
superior à do Porto, sem dúvida, contudo isso não se verificou. Porquê? Porque
a alma dos jogadores dos Dragões foi maior, cumpriram à risca o que estava
planeado e tiveram o “coração na ponta da bota”, como disse Casemiro no fim do
jogo.
Já os bávaros estiveram, quase toda a partida,
desorientados, com um número elevadíssimo de passes errados (o que não é nada
normal em equipas de Guardiola) e quase não incomodaram Fabiano. O golo foi uma
prenda caída do céu!
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Jackson marcca o 3º golo num regresso em grande após lesão. Fonte: Facebook FC Porto |
Logo a seguir foi Dante a atrapalhar-se com a bola, Quaresma
roubou e quando Neuer fez a mancha, o Harry Potter, de trivela, fez as redes
abanar. Dragão ao rubro, Guardiola desesperado e o Porto a ver um sonho
tornar-se próximo da realidade.
O jogo acalmou e nem por isso o Bayern criou perigo. Apenas
fazia posse de bola e mesmo isso estava complicado. As recuperações do Porto
sucediam-se, mas os passes estavam a sair mal agora. Herrera falhou um que
colocaria Brahimi em grande posição.
Uma exibição magistral, abrilhantada pelo génio de RQ7 e com
a classe de Jackson, que regressava 5 semanas depois. O Cha Cha Cha parece não
ter parado um único minuto, veio numa forma fantástica e justificou a chamada
direta ao onze. Mesmo a 50%, o camisola 9 é melhor que Aboubakar.
Mas o Bayern havia de fazer jus às estatísticas que dizem
que em confrontos com o Porto para a Champions, os bávaros marcam sempre. Thiago
ainda reduziu, na primeira parte, e o resultado foi assim para o intervalo.
No segundo tempo esperava-se uma reação germânica, todavia
não se verificou. O Porto controlou o jogo todo, voltou a abafar o adversário e
aumentou o marcador. Aos 65’, Alex Sandro lança Jackson, que recebe de forma
orientada e fica na cara de Neuer, contorna-o e empurra para a baliza. Soberbo o
Cha Cha Cha! Pelo meio, Boateng falha o corte e o tempo de salto. Uma noite
para esquecer para os dois centrais do Bayern. Já dizia a frase: “Ataques
ganham jogos e defesas campeonatos”. Com estes dois será muito complicada a
missão de Pep Guardiola…
Antes do golo, o Porto já por duas vezes tinha ameaçado e
numa delas, Manuel Neuer correspondeu com uma defesa monumental ao desvio de
Boateng para a sua própria baliza. Depois do golo, Rode rematou de longe mas
mais nada fez o conjunto de Guardiola.
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Quaresma inaugura o marcador enquanto Andrei Pitorac grava o momento. Fonte: Facebook do FC Porto |
O conjunto português superou-se ao coletivo de Guardiola e
tornou-se na primeira equipa nacional a marcar 3 golos aos bávaros e é agora a
par do Bayern o melhor ataque da competição com 24 golos marcados, permanecendo
como a única equipa imbatível em prova.
O Porto começou esta “viagem sem bilhete”, como disse o seu
timoneiro, mas está cada vez mais perto do ingresso mais apetecido. Vai ser
complicado jogar no ambiente terrível de Munique e será preciso mais uma
exibição a roçar a perfeição. E, claro, nunca se sabe se Dante e Boateng voltam
a estender a passadeira…
P.S.- Independentemente do resultado da próxima semana, vénia a
este Porto que foi gigante e superou o Golias, mostrando que no futebol, a
palavra “Impossível” não existe.