Parem tudo, o clássico chegou!


Domingo à tarde, estádio cheio, os melhores protagonistas do “circo nacional”, rivalidade feroz, os dois melhores ataques, as duas melhores defesas, os três melhores marcadores da Liga, três pontos de diferença e um título em disputa. Haverá melhores ingredientes para mais um clássico?

Esta pode ser a última batalha ou o início de uma corrida em contrarrelógio até final. Para Lopetegui e seus muchachos há mais a perder do que a ganhar. Uma derrota deve significar o cheque-mate final, um empate deixa o Benfica muito perto de agarrar o troféu e uma vitória relança o Porto, causa nervos nos encarnados e em caso de conseguir dois golos de vantagem, conquista o pódio e assume-se como principal candidato.

O clássico da última época foi o jogo de homenagem a Eusébio

São, sem dúvida, as duas melhores equipas portuguesas que vão entrar em campo, num horário que o Benfica nos habituou nos jogos em casa, a fazer relembrar os tempos antigos. O futebol jogado de tarde, com a luz do dia, tem outro encanto e o povo gosta.
Será um Estádio da Luz a rebentar pelas costuras e a ferver que irá receber as duas equipas. O inferno vermelho vai continuar, como tem sido apanágio nestes últimos jogos em casa, em que o Benfica tem atropelado os seus adversários. As águias marcam há 92 partidas seguidas no seu reduto. É obra, não é?

Os adeptos têm empurrado os pupilos de JJ para as vitórias e esta será aquela que eles mais desejam. Querem um cheirinho a título para o puderem festejar 2 semanas depois, na receção ao Penafiel. Para isso, o treinador da Amadora precisa de estar na máxima força para contornar um Porto sempre bem estruturado e que muito bom relacionamento tem com a bola. Os portistas querem a bola para si, trocam-na, variam os flancos, têm paciência até esperar pelo momento certo de atacar a baliza. É uma filosofia que nunca perdem, mas os encarnados não se sentem desconfortáveis a defender e a sair rapidamente no contragolpe. A organização defensiva talvez seja o principal trunfo de JJ, a par das transições rápidas. No Dragão, a história foi mais ou menos esta.

No domingo não sei se será diferente. Lopetegui quererá a mesma posse, mas mais objetividade e eficácia. Jackson não poderá ser perdulário, como na primeira volta, e dava jeito contar com um Quaresma (que tanto gosta de marcar a este rival) em grande forma e com o Brahimi da primeira volta. Foi ao CAN e depois disso, só a espaços se mostrou.

O miolo será o do costume. Irá o técnico basco surpreender? Casemiro é o pêndulo e tem subido de rendimento à medida que a época avança. É o suporte e dá garantias a Herrera e a Óliver para avançarem no terreno. O mexicano ainda não rende como na sua seleção, mas está melhor. Muito colaborativo nas tarefas defensivas, com um excelente timing de pressão sobre os portadores da bola e importante nos momentos de transição. Não é um médio de golos, mas quando pode arrisca a meia-distância. Óliver é o organizador, uma espécie de maestro em aprendizagem e tem evoluído imenso. No último terço, qualquer espaço concedido é um perigo. Qualidade de passe e decisão muito acima da média.

O regresso dos laterais é fundamental nos Dragões
Fonte: Facebook do FC Porto
Na defesa regressam os laterais após o desastre de Munique e se conseguirem entrar no jogo ofensivo da equipa podem ser decisivos. No centro da defesa, Maicon será o patrão. Surge a dúvida entre Marcano (horrível exibição contra os bávaros) e Martins Indi. O holandês parece estar na linha da frente. Fabiano teve uma exibição tão boa como a de Marcano, mas a sua época e o seu trabalho devem segurar-lhe o lugar, o que seria o mais lógico e justo. Helton vai-lhe apertando os calcanhares.

Do outro lado da barricada, e a jogar em casa, espera-se o 11 base de Jorge Jesus. Júlio César, Maxi, Luisão, Jardel, Eliseu serão responsáveis por parar no último terço as investidas dos dragões e podem também ser decisivos em bolas paradas. Maxi é o lançador de “bombas” laterais para o interior da área do Porto, Jardel e Luisão fortíssimos no jogo aéreo e Eliseu, como tem provado, é o homem-bomba e tem aproveitado as bolas ressacadas da área para bombardear os rivais.

Pizzi e Samaris são os dois principais candidatos a ocupar as duas posições centrais, havendo sempre a hipótese de integrar André Almeida para ser o pêndulo, abdicando de um dos homens da frente. Algo improvável, mas Jorge Jesus gosta de surpreender! Este será o grande teste para Pizzi mostrar as suas competências.

Nas alas, fundamentais para o jogo vertical do Benfica, estarão Salvio, se recuperar, e Gaitán. O camisola 10 é o maestro e o jogador que desequilibra defesas adversárias de forma bastante subtil e eficaz. É um daqueles génios por quem vale a pena pagar o bilhete! Quanto a Toto Salvio, se se confirmar que a lesão impedirá o argentino de jogar, talvez o plano B entre mesmo em ação. Pizzi na linha e André Almeida ao lado de Samaris.



Na frente, os goleadores que estão de pé quente: Lima e Jonas. O primeiro é incansável e nem sempre bem-amado pelos críticos do 3º anel, mas os números servem para os silenciar. Quanto a Jonas não há muito a dizer: classe! É fundamental no esquema encarnado e trata a bola com carinho que agrada a qualquer um. Na Luz chamam-lhe “Pistolas” e vão mesmo precisar das suas balas para ganhar a batalha. 

Salvio está em dúvida para o clássico
Fonte: Alexandre Albuquerque/Flickr 
Já que é de avançados que estou a falar, deixar rasgados elogios ao Cha Cha Cha, que é o melhor marcador da Liga e um ponta-de-lança e top 5 mundial, atualmente. Não há nada que faça mal, trabalha que se farta, segura bolas como ninguém e na hora de atirar à baliza, não há muito que possam fazer para o parar! Tal como Gaitán, vale a pena pagar o bilhete para o ver e é a par de Jonas o melhor jogador deste campeonato.

Um confronto que ninguém irá perder e que ditará muito do que se irá passar no resto das jornadas. Os 6 golos encaixados em Munique podem pesar, se o Benfica marcar cedo então tudo se agrava, mas todos sabemos da frieza com que o Porto costuma entrar na Luz e ser muitas vezes superior ao rival. Importante frisar que sempre que Jorge Jesus venceu o Porto em casa para o campeonato foi campeão, mas sabemos também que quando uma grande equipa perde, no jogo a seguir alguém tem que pagar a conta.

Não arrisco em prognósticos, este é jogo de tripla e será o clássico do ano. Com ingredientes tão bons, só queria pedir que o Juiz Jorge Sousa se portasse bem e que os protagonistas tratassem bem a bola e esquecessem as picardias. Joguem à bola e provem que são melhores que o rival!

Senhoras e senhores…este será o espetáculo do ano!